sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Chicobuarquinização


Chico Buarque é carioca, tem 64 anos, é compositor, músico e cantor. Além de tudo escreve livros e atua como andarilho pelos calçadões cariocas. Quando se fala nele, se vê multidões venerando sua carreira, seus olhos azuis, suas composições e até sua ausência midiática na psicossomática chicobuarquinização. Pseudagem por completo.

A chicobuarquinização começou quando Chico apareceu, lá em 1966, com A Banda, no Festival de Música Popular Brasileira. Depois disso, passeou em passeatas, fez parte da militância contra a Ditadura Militar, intelectualizou com a MPB da época e fez de tudo um pouco, tudo de forma engajada, o que dá vazão para muita pseudagem.

Hoje, 11 entre 10 pseudos amam o Chico Buarque. “É um herói de guerra”, dizem. Artista completo, que compõe, toca, canta... só falta dançar e ter presença de palco, mas até aí já não existe verossimilhança alguma. O que importa é que militou e foi parte praticante do pensamento pseudo em todos esses anos.


Chico tem toda aquela coisa do “eu-feminino”, a ligação com o teatro, a demora para parir um novo trabalho, o que dá pano pra manga à pseudagem.


Sua-se frio se, em rodas de violão, conversas e outras formas de interação pseudas, o assunto for Chico Buarque. Levantar o indicador e dizer em alto e bom som “eu não gosto”, é como cuspir na cruz em plena leitura do evangelho na capela das freiras concepcionistas.

Chico Buarque deu margem a outros tipos de pseudagem. Da mesma forma “boca chiusa”, Los Hermanos surgiram para continuar a saga. Foram espertos como o Chico e lançaram no começo de tudo uma música pop para arrebanhar atenção e depois borboletaram por aí no “bem que se quis”.


Tocaram na Xuxa, no Faustão, na Hebe, no Ratinho, na Maravilha, Vovó Mafalda, Rede Vida, TV Colosso e agora são completamente pseudos, queridinhos da pseudagem. Para estigmatizar ainda mais, acabaram com a banda. Viraram lenda. Lendas vivas que se solaram, embarbeceram, mas continuam de boca fechada cantando sobre a dor, “morenas”, “moças” e cirandas, e o pior e mais pseudo ainda, em inglês. É fato que existe a chicobuarquinização dos Los Hermanos e deles, brotaram mais poesia, mais melancolia e mais cantos entre os lábios, onde a voz não sai, não se soa, fica aquela meia bomba tentando resmungar alguns parágrafos.


Aplausos, lágrimas, cabelos ao vento e livros marxistas caindo ao chão.

5 comentários:

  1. Eh Rubs, realmente pode-se dizer que Los Hermanos são o ícone da pseudagem atual, assim como Chico foi na época pseuda da ditadura...hehe

    Sugestão para o próximo post: "Malu Magalhães e a pseudagem na adolescência", uyahahaha


    ps: a Pipi vai matar vc por falar mal dos amores dela...kkk

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  2. de fato...chico é um ícone na cultura pseudo, mas eu gosto dele!
    ah, concordo sobre escrever sobre malu magalhães, esse até ajudo fazer ;)
    hehe

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  3. Gosto de Chico, mais ainda de Los Hermanos e não odeio a Malu...

    Quanto mais pseudo, melhor...

    Não sabia que queríamos ir contra a pseudagem e também não acho que ele falou mal, apenas verdades que não interferem no meu gosto por eles...

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  4. Quando eu tinha 18 anos era apaixonada pelo Chico Buarque. Eu e a torcida feminina do Corinthians. Ainda bem que com o tempo curei-me dessa insanidade e voltei ao bom e velho roquenrou.

    Não morro de amores por Chico, mas peraê, comparar o intelecto setentista com aquele poço-sem-fundo-vontade-vomitar-vou-cortar-meus-pulsos de "PSEUDO-argentinos"?

    Aí você duvidou da minha inteligência.

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  5. Edna, não comparei o Chico Buarque com os Los Hermanos. Só disse que, assim como o Chico, eles conseguiram o sucesso com o pop, antes de pseudar, e que existe uma chicobuarquinização da banda, onde os fãs, admiradores e crítica, sacralizam a pessoa, o indivíduo, o feto artístico...

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